O 30º Encontro das Mercocidades, realizado em Niterói (RJ), reuniu nesta terça-feira (2) prefeitos e representantes das principais cidades da América do Sul para discutir os desafios urgentes da gestão urbana em um mundo em transformação. O prefeito Heron Guimarães e a secretária-geral do município, Vitória Paiva, representaram Betim nos seminários.

No centro das conversas, estiveram temas que definem o presente e moldam o futuro dos territórios: segurança pública, mudanças climáticas, políticas de proteção de gênero e cultura e esporte como ferramentas de pacificação social.

O primeiro painel, dedicado à segurança pública, abriu o encontro com análises sobre práticas adotadas em cidades latino-americanas que conseguiram reduzir indicadores de violência letal.

A experiência de Niterói — que se tornou referência nacional pela articulação interinstitucional e por investimentos em tecnologia e inteligência — foi um dos destaques, mostrando como políticas integradas podem produzir resultados concretos no cotidiano das famílias.

Prefeitos presentes reforçaram a necessidade de estruturas de monitoramento modernas, de ações comunitárias e de políticas preventivas que vão além do policiamento tradicional.

Na sequência, o segundo painel tratou dos resultados da COP30, destacando o papel das cidades na agenda global do clima. Os gestores discutiram metas de descarbonização, transição energética, adaptação às mudanças climáticas e o impacto direto dessas políticas na vida urbana — do transporte público sustentável ao manejo hídrico, passando pela recuperação ambiental.

Ficou evidente que são os municípios os verdadeiros laboratórios de inovação climática: é neles que a política se materializa, onde as decisões ganham escala real e onde as populações percebem os efeitos ou as omissões nessa pauta.

O terceiro painel abordou as políticas protetivas de gênero e apontou caminhos para a construção de cidades mais igualitárias. Pesquisadoras, gestoras e lideranças apresentaram diagnósticos sobre violência de gênero, desafios enfrentados pelas mulheres no espaço público e a importância de estruturar redes de acolhimento eficientes.

O debate valorizou a perspectiva de gênero como eixo estruturante do desenvolvimento urbano — seja no transporte, na iluminação pública, no desenho de equipamentos urbanos ou nas políticas de cuidado.

Ao longo do dia, uma ideia norteou todos os debates: construir cidades resilientes, pacíficas e sustentáveis exige redes de colaboração, capacidade técnica, vontade política e participação social.

As cidades, mais do que nunca, assumem protagonismo na agenda global: são responsáveis pela implementação das políticas climáticas, pelo fortalecimento das democracias locais, pela proteção das populações vulneráveis e pela inovação em gestão pública.

Ao fim dos trabalhos desse primeiro dia, os gestores destacaram ainda o papel transformador da cultura e do esporte como instrumentos de pacificação social, capazes de abrir portas, gerar pertencimento e prevenir a violência por meio de oportunidades reais de desenvolvimento humano.

O encontro reafirmou que os desafios sul-americanos são comuns e que a troca de experiências é indispensável para construir soluções duradouras.