Betim dá mais um passo importante na proteção de suas mulheres e na reconstrução de histórias interrompidas pela violência.
Estamos criando uma casa de acolhimento em homenagem a Jackeline, uma jovem que foi vítima de torturas e brutalmente assassinada numa época em que o feminicídio sequer era tipificado como crime.
Sua história marcou profundamente a cidade e, de forma muito pessoal, também marcou a minha trajetória.
Eu estava no início da carreira jornalística quando o caso veio à tona.
Ainda estagiário, mas já atuando firmemente no jornalismo policial e de denúncia, vivi intensamente aquela cobertura — uma das matérias mais chocantes e transformadoras da minha vida. Ali compreendi o poder da escuta, da empatia e da justiça.
O assassinato de Jakeline ocorreu em um Dia das Mães, e ficou tristemente conhecido como o “Crime do Dia das Mães”.
Uma data que simboliza o amor, o acolhimento e a vida, mas que, naquele ano, foi marcada pela dor, pela injustiça e pela brutalidade.
Essa contradição entre o afeto e a violência fez daquele episódio um marco na história de Betim e um alerta sobre a urgência de proteger nossas mulheres.
Hoje, transformar essa lembrança em ação é também uma forma de ressignificar a data e devolver a ela o sentido de cuidado e renascimento.
Décadas depois, juntamente com a vice-prefeita Cleusa Lara e nossa superintendente da Mulher, Célia Maria Pinto, transformo aquela lembrança em compromisso público: construir um espaço que acolha, proteja e ofereça um novo começo às mulheres mais vulneráveis de Betim.
Essa era uma meta já prevista em nosso plano de governo e um compromisso assumido desde o início da gestão: criar essa casa ainda no primeiro ano de governo. Portanto, a Casa Jackeline nasce como um símbolo de resistência e esperança.
Ela representa o que há de mais humano em uma gestão: a capacidade de transformar a dor em ação concreta, a memória em política pública, a indignação em acolhimento. Nosso objetivo é que as mulheres da nossa cidade que precisem de apoio não enfrentem a violência sozinhas.
Esse será um espaço de escuta e de recomeço, onde as portas estarão sempre abertas para acolher aquelas que, por circunstâncias adversas, se viram desamparadas.
O nome Jackeline carrega a lembrança de uma vítima, mas também a força de uma semente que floresce: uma lembrança que se torna abrigo, uma perda que se transforma em proteção, uma tragédia que dá origem a novos destinos.
Mais do que um equipamento público, essa casa será um gesto. Um gesto de reparação, de humanidade e de compromisso.
Ela mostrará que o poder público pode, sim, ser instrumento de cura. Que é possível enfrentar a violência com empatia e firmeza, oferecendo não apenas um teto, mas também um caminho.
Um caminho de reconstrução, com apoio psicológico, jurídico, social e profissional, para que cada mulher atendida possa reencontrar sua autonomia, sua dignidade e seu lugar no mundo.
Dar à casa o nome de Jackeline é manter viva a memória de uma história que não deve ser esquecida. É garantir que, na cidade onde ela viveu e teve sua vida arrancada, o seu nome agora represente vida, acolhimento e futuro.
É lembrar que o combate à violência contra a mulher não é apenas uma pauta de governo, mas uma causa que exige consciência coletiva, ação e solidariedade.
Hoje, como prefeito, olho para trás com gratidão pelas lições que a vida me deu e com o compromisso de fazer delas pontes para um amanhã mais justo.
A Casa Jackeline é mais do que uma homenagem. É um símbolo. Um lembrete de que nenhuma dor é em vão quando decidimos transformá-la em amor, proteção e oportunidade.
Que cada mulher que cruzar seu portão saiba que, aqui, Betim a acolhe com respeito, com cuidado e com esperança. Porque nenhuma história termina na violência — quando há mãos estendidas, o futuro sempre pode recomeçar.
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