A Constituição Federal estabelece, de forma inequívoca, que o Brasil é um Estado laico.
Isso significa que o poder público não adota, nem privilegia, qualquer religião.
No entanto, ser laico não é o mesmo que ser indiferente à fé. Em uma nação em que mais de 90% da população professa algum tipo de crença religiosa, ignorar o papel da religiosidade na formação cultural, social e econômica do povo seria negar uma dimensão essencial da vida pública.
É possível — e necessário — que o Estado reconheça a importância da fé como expressão cultural, motor de desenvolvimento e eixo de identidade coletiva.
Betim tem se tornado exemplo de como essa convivência entre laicidade e religiosidade pode gerar frutos concretos.
Eventos como o tradicional Rebanhão do Senhor, promovido pela Renovação Carismática Católica, atraem milhares de fiéis todos os anos, movimentando a economia local e fortalecendo o calendário cultural do município.
Da mesma forma, a confecção dos tapetes de Corpus Christi, organizada há três anos na Rua do Rosário sob a liderança da comunidade da Igreja São Francisco, transformou-se em um dos momentos mais simbólicos e participativos da cidade — unindo fé, arte e turismo.
Outra iniciativa emblemática é o Caminho Peregrino das Sete Alegrias de Maria, fruto de uma parceria público-privada que será inaugurada em dezembro.
O percurso, que parte do recém-titulado Santuário de Nossa Senhora do Carmo e se encerra na Praça Milton Campos, contará com sete estações temáticas representando as alegrias de Maria.
O trajeto, ao mesmo tempo em que celebra a espiritualidade, foi concebido como instrumento de turismo religioso, valorização cultural e fomento econômico, integrando o patrimônio material e imaterial de Betim em uma experiência legítima de cidadania.
A gestão municipal tem mostrado, também, sensibilidade ao reconhecer a diversidade religiosa da cidade.
A Marcha para Jesus, realizada nesse sábado (11), é exemplo de como o poder público pode apoiar o segmento evangélico — que representa cerca de 46% da população betinense — em uma manifestação que transcende o aspecto espiritual, promovendo cultura gospel, economia criativa e geração de renda para ambulantes, comerciantes e produtores locais.
O mesmo olhar se volta também às religiões de matriz africana, que terão destaque no Novembro Negro, com atividades voltadas à valorização de suas expressões culturais, musicais e espirituais.
Essas ações não representam uma interferência do Estado em questões de fé, mas sim o reconhecimento de que a religiosidade é um patrimônio imaterial do povo.
Em Betim, a fé tem se mostrado uma ponte entre o sagrado e o público — uma força capaz de inspirar políticas culturais, gerar emprego e renda, fortalecer o turismo e reafirmar valores de solidariedade e convivência.
Assim, ao respeitar o princípio da laicidade e, ao mesmo tempo, valorizar as manifestações religiosas em toda a sua pluralidade, a gestão municipal demonstra que fé e Estado podem caminhar lado a lado — cada um em seu papel, mas ambos comprometidos com o mesmo propósito: promover o bem comum, o desenvolvimento humano e o orgulho de uma cidade que cresce sem perder sua alma.
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