O Dia da Consciência Negra é mais do que uma data simbólica no calendário nacional. É um convite para revisitar nossa própria história, reconhecer feridas ainda abertas e reafirmar um compromisso coletivo com a construção de uma sociedade mais justa.

Ao celebrarmos essa data, lembramos de Zumbi dos Palmares, símbolo maior da resistência no Brasil e líder de um dos mais importantes movimentos de liberdade das Américas.

Zumbi representa a recusa em aceitar a opressão como destino. Representa a coragem de construir, em Palmares, um território de autonomia, produção, cultura, espiritualidade e defesa. Um projeto de futuro em meio ao passado mais cruel do país.

Honrar essa memória significa reconhecer que a luta por equidade não é apenas uma pauta das comunidades negras, mas uma pauta civilizatória que nos convoca, todos os dias, a reparar injustiças, ampliar direitos e transformar estruturas.

Esse compromisso também ganha um sentido particular em Betim: 64% da nossa população é negra ou parda.

Foi com esse entendimento que, neste ano, demos um passo histórico: a criação da Superintendência de Igualdade. Betim passou a contar com uma estrutura institucional dedicada exclusivamente à promoção da equidade (não apenas racial, mas também de gênero, de identidade e de todas as formas de ser quem se é).

Essa conquista inaugura um novo tempo. A pauta da igualdade deixa de depender da boa vontade de gestores e passa a ser política permanente, estruturada e integrada às demais áreas da administração. É a cidade dizendo, com clareza: equidade não é favor, é dever.

Na educação, esse compromisso se fortalece ainda mais. O programa Caminhos para a Igualdade já leva conhecimento a mais de 50 mil estudantes da rede municipal, com conteúdos que resgatam e valorizam a história e a cultura de povos afro-brasileiros, indígenas, quilombolas e ciganos.

É um passo firme contra o preconceito e a favor da diversidade cultural que forma o nosso país. Porque é na escola que a consciência se constrói, e é nela que o respeito às diferenças se transforma em valor coletivo.

No mesmo espírito, Betim também tem avançado na defesa da liberdade religiosa, sobretudo das tradições de matriz africana, que historicamente enfrentam violência e intolerância.

Da Conferência Nacional de Igualdade Racial, em Brasília, trouxemos o termo de adesão à Política Nacional para Povos e Comunidades Tradicionais, um acordo que já está em andamento e que será conduzido com ampla escuta, porque nenhuma política pública pode nascer sem diálogo com quem vive a realidade que se pretende proteger.

Também pleiteamos, junto ao Ministério da Igualdade Racial, a implantação da Casa da Igualdade em Betim, um equipamento essencial de acolhimento, formação, mediação de conflitos e fortalecimento comunitário.

Essas iniciativas consolidam um caminho que estamos construindo com seriedade e responsabilidade.

Portanto, ao celebrar a data de Zumbi, da Consciência Negra, em todo este mês de novembro, honramos Palmares e os abolicionistas do passado, mas também honramos cada betinense que, ao longo da história, lutou e luta por justiça.

Que o dia 20 de novembro e todas as celebrações alusivas à data sejam sempre um chamado que nos lembra que o futuro de Betim se constrói com memória, coragem, diálogo e, sobretudo, com ações que transformam vidas de verdade.